terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Anos 90 e anos 2000 , quanta diferença de uma década para outra


Quem imaginaria no final do século passado os meios de comunicação noticiando a intervenção do Estado na Economia, ninguém apostaria que isso poderia acontecer, os “especuladores de plantão “ , os gurus neoliberais pregavam exatamente o contrário, as privatizações das principais estatais, da saúde pública, defendiam que os direitos dos trabalhadores impedia o crescimento econômico , que a educação deveria ser vista pelo estado com despesa e não como investimento, que os mecanismo de distribuição de renda eram coisas do passado.

E hoje temos os noticiários inundando de matérias que foi aprovado no Congresso Nacional Estadunidense o pacote de ajuda de mais de 25 bilhões de dólares do Governo dos EUA para as montadoras. Onde estabeleceram duras regras a serem seguidas por estas corporações, além disso o Governo do EUA passou a ser detentor de perto de 20 % das principais ações das companhias automobilísticas. Com esta medida, é claro que as bolsas de valores pelo mundo iriam subir, mais dinheiro público para esse saco sem fundo .

O pior de tudo é que estes mesmos veículos de comunicação não fazem reflexão sobre aquilo que foram pilares fundamentais e que ajudaram a construir as desregulamentações do Estado.

Parece que o Muro de Berlim dos neoliberais acabou de cair. Os fatos demonstram que o mercado não conseguiu se auto regular como defendiam quando lapidavam os Estados Nacionais. Há muito tempo vários intelectuais apontavam que este sistema entraria em colapso, em crise. Defendiam que o próprio neoliberalismo foi um mecanismo de dar sobre vida ao capitalismo o que estranhavam era como este sistema conseguiu ser aprovado pelos mecanismos democráticos ”Até que ponto as propostas neoliberais podem continuar tendo passagem politicamente democrática, na medida em que deterioram a vida da massa da população” ( NETTO, José Paulo, Repensando o balanço do neoliberalismo.In. SADER, Emir(Org) Pós-neoliberalismo: As Políticas Sociais e o Estado Democrático.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p.31).

Os movimentos sociais sempre estiveram denunciando os acertos e as tremendas desigualdades causadas no mundo inteiro por este sistema, que hoje quer dividir os prejuízos com aqueles que nunca tiveram acesso aos ganhos. Temos que continuar a dar resposta a esta discussão de 1995.

Não podemos esquecer de relatar vários fatores que convergem neste processo: para poder aprovar as medidas neoliberais ao longo de 20 anos, montou-se uma grande trama de corrupção que passa pelo executivo, legislativo e principalmente pelo judiciário, basta lembrar o caso de Daniel Dantas, que começa atuar no final dos anos 90. Esse grupo de investidores e especuladores acabou convergindo com ajuda dos grandes veículos de comunicação em um poder paralelo ao Estado.

Para pensarmos a crise não podemos se ater somente ao agora, precisamos pensa-lo no processo histórico que se desenvolveu, para que esta crise não seja usado como mais um mecanismo de sobre vida ao capitalismo.Para isso somente os movimentos sociais organizados conseguiram dar respostas a esta ofensiva contra as garantias conquistadas principalmente a dos trabalhadores.

Lisandro Vieira

Professor de História

Mestrando em História UEM

Vice-Presidente do PCdoB-Guarapuava

1 comentário:

Estado vegetativo disse...

Olá Lisandro! gostei da matéria, e da citação do meu professor Zé Paulo Netto.Quer visitar o blog sobre isso? http://evegetativo.blogspot.com/
Estado Vegetatitvo, o nome é pelo fato de que o Brasil vegetou politicamente nos anos 90.