terça-feira, 16 de dezembro de 2008


A dialética histórica.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Copom afronta Lula e mantém juro; Fiep pede mudança no BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ''ainda'' manter a taxa básica de juro (Selic) em 13,75% ao ano, sem viés nem de alta e nem de baixa. A decisão, condenada por protestos das centrais sindicais e uma ''calamidade inaceitável'' por entidades patronais, é também uma afronta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo os rumores que chegaram à imprensa nos últimos dias.


A decisão veio após quatro horas de reunião. A lacônica nota oficial de praxe admite desta vez que ''a maioria dos membros do Comitê discutiu a possibilidade de reduzir o juro'', mas anuncia que a decisão tomada, ''ainda'', foi ''por unanimidade''. Veja a íntegra da nota:


''Tendo a maioria dos membros do Comitê discutido a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros já nesta reunião, em ambiente macroeconômico que continua cercado por grande incerteza, o Copom decidiu por unanimidade, ainda manter a taxa Selic em 13,75% a. a., sem viés, neste momento. O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação com vistas a definir tempestivamente os próximos passos de sua estratégia de política monetária.''


Finanças dizem amém, indústria não


Conforme a liturgia do Banco Central, a ata desta reunião será divulgada em 18 de dezembro, próxima quinta-feira, às 8h30. A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 20 e 21 de janeiro de 2009.


A taxa Selic está em 13,75% desde 10 de setembro de 2008, após sucessivas majorações que a elevaram em 2,5 pontos. Essa é a segunda estabilidade seguida da taxa, após a do fim de outubro.


Entre os analistas das chamadas instituições financeiras, esta era a previsão amplamente majoritária. De 60 dessas instituições consultadas pelo AE Projeções, 58 esperavam a manutenção da taxa e apenas duas aguardavam redução, com o menor índice conforme a praxe do Copom, de 0,25 ponto porcentual.


Já na esfera do chamado capital produtivo, a primeira reação foi francamente crítica: o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, afirmou que é preciso mudar a condução do Banco Central. “Ao manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano a equipe do Banco Central se mostrou obsoleta para lidar com o cenário e os efeitos da crise”, disse.


Horas antes, as manifestações promovidas pelas centrais sindicais na tentativa de sensibilizar o Copom insistiram nesta mesma tecla: 'Ou caem os juros, ou cai Meirelles', foi a palavra-de-ordem (clique aqui para ver mais).


''Uma verdadeira calamidade''


Na avaliação do dirigente da Fiep, deixar a taxa neste nível representa a validação de uma política recessiva. “Não podemos aceitar a decisão do Copom. Ela se mostra uma verdadeira calamidade ao não agir para evitar a destruição do espírito empreendedor que fez o país crescer nos últimos anos. O governo precisa agir rápida e pesadamente em favor da produção, ajustando a política monetária e cambial para que tenhamos capacidade de financiar o setor produtivo”, destaca.


“Não se justifica o uso da pseudo-ortodoxia em vigor em nome de uma suposta ameaça inflacionária que só é enxergada pelos `guardiões da moeda`. Em termos do balanceamento de riscos entre inflação e recessão, não há nenhuma dúvida de que o risco de recessão é muitíssimo maior e possui, caso se confirme, conseqüências mais negativas para a economia como um todo”, argumentou Rocha Loures.


Da redação, com agências

Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=48053


950 milhões de pessoas passam fome no mundo


O número de pessoas que passam fome em todo o mundo aumentou em 40 milhões este ano, segundo informações divulgadas esta semana pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Com isso, o número de famintos pode chegar a 943 milhões, contra os 923 milhões estimados em 2007.



No ano passado, a maior parte da população subnutrida, 907 milhões, vivia nos países em desenvolvimento, de acordo com o informe da FAO intitulado O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo – SOFI 2008. Desses, 65% estavam em sete países: Índia, China, República Democrática do Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia.


Apesar de, segundo dados da FAO, quase dois terços da população que passa fome estar na Ásia, 583 milhões em 2007, a região com o maior percentual de famintos é a África Subsaariana, onde um em cada três habitantes sofre desnutrição crônica, num total de 236 milhões em 2007.


Ainda assim, a região fez progressos em termos proporcionais. O percentual de pessoas da África Subsaariana com fome crônica, segundo o informe, baixou de 34% no período 1995-97 para 30% entre 2003 e 2005.


Gana foi o único país da região que conseguiu alcançar os níveis de redução da fome da Cúpula Mundial da Alimentação e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de erradicar a pobreza extrema e a fome.


Na América Latina, o número de famintos chegou a 51 milhões no ano passado, apesar do sucesso no combate à fome antes da crise de aumento nos preços dos alimentos.


Agência Brasil

Fonte http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=48030

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Anos 90 e anos 2000 , quanta diferença de uma década para outra


Quem imaginaria no final do século passado os meios de comunicação noticiando a intervenção do Estado na Economia, ninguém apostaria que isso poderia acontecer, os “especuladores de plantão “ , os gurus neoliberais pregavam exatamente o contrário, as privatizações das principais estatais, da saúde pública, defendiam que os direitos dos trabalhadores impedia o crescimento econômico , que a educação deveria ser vista pelo estado com despesa e não como investimento, que os mecanismo de distribuição de renda eram coisas do passado.

E hoje temos os noticiários inundando de matérias que foi aprovado no Congresso Nacional Estadunidense o pacote de ajuda de mais de 25 bilhões de dólares do Governo dos EUA para as montadoras. Onde estabeleceram duras regras a serem seguidas por estas corporações, além disso o Governo do EUA passou a ser detentor de perto de 20 % das principais ações das companhias automobilísticas. Com esta medida, é claro que as bolsas de valores pelo mundo iriam subir, mais dinheiro público para esse saco sem fundo .

O pior de tudo é que estes mesmos veículos de comunicação não fazem reflexão sobre aquilo que foram pilares fundamentais e que ajudaram a construir as desregulamentações do Estado.

Parece que o Muro de Berlim dos neoliberais acabou de cair. Os fatos demonstram que o mercado não conseguiu se auto regular como defendiam quando lapidavam os Estados Nacionais. Há muito tempo vários intelectuais apontavam que este sistema entraria em colapso, em crise. Defendiam que o próprio neoliberalismo foi um mecanismo de dar sobre vida ao capitalismo o que estranhavam era como este sistema conseguiu ser aprovado pelos mecanismos democráticos ”Até que ponto as propostas neoliberais podem continuar tendo passagem politicamente democrática, na medida em que deterioram a vida da massa da população” ( NETTO, José Paulo, Repensando o balanço do neoliberalismo.In. SADER, Emir(Org) Pós-neoliberalismo: As Políticas Sociais e o Estado Democrático.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p.31).

Os movimentos sociais sempre estiveram denunciando os acertos e as tremendas desigualdades causadas no mundo inteiro por este sistema, que hoje quer dividir os prejuízos com aqueles que nunca tiveram acesso aos ganhos. Temos que continuar a dar resposta a esta discussão de 1995.

Não podemos esquecer de relatar vários fatores que convergem neste processo: para poder aprovar as medidas neoliberais ao longo de 20 anos, montou-se uma grande trama de corrupção que passa pelo executivo, legislativo e principalmente pelo judiciário, basta lembrar o caso de Daniel Dantas, que começa atuar no final dos anos 90. Esse grupo de investidores e especuladores acabou convergindo com ajuda dos grandes veículos de comunicação em um poder paralelo ao Estado.

Para pensarmos a crise não podemos se ater somente ao agora, precisamos pensa-lo no processo histórico que se desenvolveu, para que esta crise não seja usado como mais um mecanismo de sobre vida ao capitalismo.Para isso somente os movimentos sociais organizados conseguiram dar respostas a esta ofensiva contra as garantias conquistadas principalmente a dos trabalhadores.

Lisandro Vieira

Professor de História

Mestrando em História UEM

Vice-Presidente do PCdoB-Guarapuava

Fim do neoliberalismo, a virada

Esta matéria que segue foi publicada julho de 2000, na Revista Caros Amigos , do jornalista Aloysio Biondi, onde discute os novos rumos dos capitalismo a partir daquilo que chamou de Consenso de Berlim, do novo peso da Europa na economia mundial e do endividamento da maior economia do mundo, que é o centro da crise mundial atual. O próprio texto fala por si, com muitos pontos que ajudam a debater o presente.

Fim do neoliberalismo, a virada

Revista Caros Amigos , julho de 2000


Houve outra “virada” na própria história do planeta Terra, que a grande imprensa e analistas simplesmente ignoraram. Reunidos na capital alemã em princípios de junho, os chefes de Estado dos sete países ricos, agrupados no chamado G-7, assinaram um tratado rejeitando as políticas neoliberais Já chamado de Consenso de Berlim, como substituto do Consenso de Washington que deu origem à onda neoliberal, o acordo chegou até a ser noticiado pelos jornais, no dia de sua assinatura – mas depois o silêncio foi total: nem uma análise, nem uma entrevista, nem uma suíte, nada de nada. No entanto, as conseqüências para os rumos da humanidade são óbvias (até a próxima “virada”, claro): são enterradas as teorias que dominaram o mundo nos últimos anos pelas quais o Estado deveria interferir o mínimo na vida dos países, deixando que “o mercado” se incumbisse de fazer todos os ajustes na economia – inclusive quanto à criação de empregos e melhora na distribuição da renda. As questões sociais foram varridas do mapa, aceitando-se a impiedosa “exclusão de centenas de milhões de seres humanos”, em nome da “eficiência” e da “globalização” impulsionada pelo FMI e Banco Mundial, a onda neoliberal, como muitos críticos previam, no final das contas não passou de uma gigantesca gazua que os países ricos, e não apenas os EUA, mas também e principalmente a Europa, usaram para tomar de assalto os recursos naturais e depois até as fábricas de pão de queijo dos países “emergentes”, que, mui obedientemente, viraram imergentes.

Mais uma vez, vai-se tentar apresentar a reviravolta como uma “surpresa”, algo surgido da noite para o dia. Na verdade, ela tem tudo a ver com outras mudanças radicais no “jogo do poder” internacional, também ignoradas nos anos recentes, e para as quais esta coluna, mais de uma vez, tentou chamar a atenção. Em síntese, o neoliberalismo está sendo enterrado como conseqüência do aumento do poderio econômico e político da Europa, que coincide com o agravamento dos problemas da economia dos EUA (mantidos na sombra por uma prosperidade com pés de barro, e pelo ensandecido boom nas bolsas de valores). A Europa passa a dividir, de fato, a hegemonia mundial com os EUA – e o euro passa a fazer frente ao dólar, como moeda de aceitação internacional.

AS MUDANÇAS POLÍTICAS

Todas essas mudanças marcantes, ao longo dos últimos dois anos sobretudo, foram ignoradas à direita e à esquerda. No caso da direita,o silêncio talvez tenha sido e continue a ser deliberado, já que toda a sua máquina de propaganda esteve voltada para vender a idéia de que o modelo neoliberal era o caminho certo para o nirvana da prosperidade mundial, apresentando os EUA como a melhor prova dessa tese (dentro da “lavagem cerebral” neoliberal, vale relembrar a matéria de capa sórdida publicada em 1999 pela tradicionalmente respeitável revisa The Economist prevendo “crise iminente” e terremoto social na China...). Se a direita defendia seus interesses, a esquerda, como sempre, mergulhava em discussões intermináveis, ótimas para “seminários”, sobre qual a chamada “via” que os partidos socialistas europeus estavam trilhando: segunda, terceira, quarta, quinta? Blair é um traidor? Jospin é um burguesinho? Esses debates intelectualóides impediram que se enxergasse outro rato histórico, certamente o nascedouro do Consenso de Berlim, ou o começo do fim do neoliberalismo. A partir do final de 1998, quando Schröeder venceu as eleições na Alemanha, todos os principais países europeus passaram a ser governados por partidos de esquerda. Menos espetaculosa que a queda do muro, dez anos antes, essa hegemonia dos partidos socialistas – de que “via” sejam – obviamente teria reflexos nas decisões políticas da Europa, entre as quais a rejeição às teorias neoliberais eram favas contadas. A guinada já estava em marcha. A homogeneidade de objetivos entre os governos de esquerda contribuiu para acelerar a implantação do euro, em janeiro do ano passado, com a superação de conflitos “nacionalistas” entre França e Alemanha, por exemplo.

AS MUDANÇAS ECONÔMICAS

Em economia, a aparência freqüentemente pode ser o oposto da realidade. Nos últimos anos, o noticiário sobre a “prosperidade norte-americana” assombrou o mundo. E a “fraqueza” do euro diante do dólar impressionou os incautos. Tudo aparência. Há décadas, a economia norte-americana mantém seu crescimento à custa de importações maciças, muito acima do valor das exportações, acumulando rombos fantásticos em sua balança comercial. Qualquer país nessa situação deficitária é forçado a desvalorizar sua moeda, para encarecer (e reduzir) as importações e baratear (e aumentar) as exportações, em busca de equilíbrio em suas trocas com o resto do mundo. Os EUA sempre fugiram à regra, simplesmente emitindo dólares para pagar suas compras – o que, já na década de 60, faria o presidente francês De Gaulle chamar o dólar de mero “papel pintado”. Ou fez o ex-ministro americanófilo empedernido, Roberto Campos, chamar os EUA de “caloteiro mundial número um”, no ano passado. Até 1998, o déficit mensal dos EUA com outros países chegava a incríveis 15 a l8 bilhões dedólares –por mês. Em 1999,ele saltou para os 25 bilhões de dólares, e hoje está na faixa dos 30 bilhões de dólares. Por mês. Já em 1999, o BIS, banco central dos bancos centrais, em seu relatório divulgado em meados do ano, dizia que a situação era insustentável, e que o dólar deveria ser desvalorizado no mínimo em 23 por cento em relação ao euro, e em 28 por cento em relação ao iene japonês. Essa, a lógica econômica. Mas aconteceu o contrário: o dólar continuou a valorizar-se, e o curo a despencar. Por trás dessa tendência, esteve presente um fator que o cidadão comum dificilmente consegue entender: a queda do euro interessava à União Européia, exatamente para baratear suas exportações e encarecer as importações. Isto é, uma estratégia que chegou a provocar protestos oficiais de Clinton. Na prática, o euro desvalorizado permitiu aos países da União Européia baterem recordes de exportação, manterem a economia (e o emprego) em crescimento – e acumularem um saldo positivo na faixa de 200 bilhões de dólares anuais. Enquanto isso, os EUA apresentam um “rombo” de 300 bilhões de dólares e que caminha para os 360 bilhões de dólares em doze meses. O que a Europa tem feito com essa enxurrada de dólares? Basta olhar ao redor: suas multinacionais e bancos vêm comprando empresas e “concorrentes” em todo o mundo, inclusive nos próprios EUA. Enquanto os holofotes estavam concentrados na “prosperidade norte-americana”, a Europa ampliava seu poder ao redor do mundo, pela presença crescente de suas empresas também em áreas estratégicas como energia, petróleo, telecomunicações. Os EUA já não detêm a hegemonia econômica absoluta – nem a política, no mundo. A mudança se refletirá sobre o dólar, e seu poderio irreal.

Além da ascensão européia, não se pode ignorar dois outros fenômenos que contribuíram para o enterro do neoliberalismo. Primeiro: os relatórios anuais do Banco Mundial e FMI, de outubro do ano passado, que mostravam o avanço da miséria em todo o mundo, simultaneamente ao aumento do fosso entre países ricos e pobres, contrariando todos os mitos das vantagens da globalização e “sabedoria do mercado”. Segundo: as gigantescas manifestações de rua, primeiramente em Seattle, contra essas mesmas conseqüências da “onda neoliberal”. Um cínico diria finalmente que, agora que “já comprou tudo”, a Europa pode dar-se o luxo de ser boazinha com suas novas colônias, como o Brasil de Ferdinand Henri...


Fonte: http://www.aloysiobiondi.com.br/spip.php?article1081&var_recherche=O%20brasil%20privatizado


PCdoB defende investimentos públicos para enfrentar a crise

A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil reuniu-se nesta segunda feira (8) para analisar a situação política criada com os reflexos da crise econômica e financeira mundial no país -- e para propor um conjunto de medidas para que o Brasil possa superar o atual quadro de dificuldades. Os dirigentes comunistas aproveitaram a ocasião para também fazer um balanço da atividade partidária neste ano de 2008, quando o PCdoB obteve grandes avanços políticos nas diversas esferas de atividade partidária.



O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em sua análise da situação mundial, partiu de um retrospecto das primeiras iniciativas do próximo governo eleito nos Estados Unidos, capitaneado por Barack Obama. As tendências que se apresentam na montagem do gabinete Obama, disse Renato, mostram um perfil muito próximo do anterior governo de Bill Clinton. Até o lingüista e acadêmico prestigiado Noam Chomsky, em entrevista recente, procura identificar a linha do próximo presidente americano como um governo de centro dentro do próprio Partido Democrata. Obama justifica sua atitude como sendo fruto de uma política em que ele aproveitaria a “experiência” destes quadros do atual governo Bush sob seu comando, dentro de sua “visão”.

Na esfera econômica e financeira, Renato destaca o fato de que esta crise atual do capitalismo, em seus desdobramentos, atinge a economia real. A recessão foi devidamente identificada nos Estados Unidos, já presente na Europa e no Japão. Os problemas de escassez de crédito e financiamento se avolumam por todo o mundo. O prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, em artigo na imprensa americana, vaticinou o desaparecimento da indústria automobilística nos EUA, em forma semelhante como aconteceu no passado, na Inglaterra. Em vários países europeus, como na Espanha, se verifica um dos menores índices de crescimento econômico, provocando desemprego em proporção crescente.

Renato lembrou também opinião recente do economista Paulo Nogueira Batista Jr, hoje na diretoria do Fundo Monetário Internacional, que identifica o círculo vicioso que abala a economia real, que por sua vez interfere na crise financeira, provocando grande instabilidade, gerando tormentas de todo o tipo na esfera social na Europa e nos EUA, e que atinge toda a chamada periferia do sistema capitalista mundial. Mesmo os pólos dinâmicos são também atingidos, como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia.

No Brasil, comentou Renato, começamos a identificar o curso da conformação dos núcleos de forças políticas para 2010, em função da eleição presidencial. É uma polarização que se estabelece entre os tucanos, onde a figura maior é o governador José Serra, e as forças lideradas por Lula. As alianças que estão sendo construídas pela oposição, em âmbito nacional em torno dos tucanos, abarcam todas as instâncias, desde os Governos estaduais, as bancadas federais e estaduais, a mesa da Câmara e do Senado. O PSDB e o DEM – junto com o PPS --procuram atrair o Partido Verde para seu campo de influência. A disputa real é em torno do PMDB, que tradicionalmente tem sido o fiel da balança, e que cobra caro o seu apoio.

No campo de apoio do governo, o presidente Lula tenta firmar a candidatura da Ministra Dilma Rousseff, vinculando-a às realizações mais importantes do governo. Ela ainda não se apresentou formalmente aos partidos políticos. A candidatura de Serra, ao contrário, vai ocupando espaços, conquistando setores vacilantes. Nem o próprio PT está fechado com a candidatura Dilma. Os resultados políticos do Governo são muito positivos, mas não consegue passar este patrimônio político automaticamente.

Renato Rabelo destacou ainda em sua apreciação o papel da mídia brasileira, nesta grande batalha política em curso. Toda a grande mídia está comprometida com a volta dos tucanos em 2010: 1) Os grandes órgãos de imprensa e TV torcem para a crise se agravar; 2) Fazem crer que o Governo provoca uma grande gastança dos recursos públicos, apesar de retratarem em suas próprias páginas como os países desenvolvidos têm enfrentado a crise, investindo para todo o lado para salvar o capitalismo; 3) A mídia procura também apresentar o Estado como emprestador de última instância, mas que é – na realidade -- o salvador de última instância do grande capital; 4) O Brasil é o único país que tem o maior superávit fiscal do mundo, e possui um pólo de sistema bancário público importante, como o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. A mídia procura desmoralizar de todas as formas o setor público; 5) Por fim, Renato se referiu à tentativa permanente da mídia de inviabilizar a integração do continente sul-americano.

Renato procurou demonstrar, em suas conclusões, que a repercussão da crise mundial no país poderá apresentar uma verdadeira encruzilhada para o Governo Lula. Se o presidente tomar uma atitude apenas defensiva, a situação poderá se agravar e desidratar as conquistas do Governo -- quebrando a estabilidade econômica, impedindo a agilização do PAC e do investimento social -- e todas as conquistas poderão ser perdidas. Enquanto isso, as forças da direita podem se apresentar como salvadoras da Pátria, apoiadas pela mídia. Mas se o Governo se sair de forma favorável da crise mundial, Lula se fortalece mais ainda, e pode haver um certo clamor da maioria da Nação para que Lula continue no comando do país.

Nesta reunião da Comissão Política, o PCdoB se posicionou em torno de medidas concretas para que o país estabeleça medidas de defesa da economia nacional. Lula, em suas entrevistas, tem procurado fortalecer a economia, faz discurso para estimular o consumo popular. O Governo procura liberar o compulsório para irrigar o crédito, organiza o Fundo Soberano, e fortalecer o sistema bancário público, e aplica uma parte do superávit primário para o investimento. O PCdoB vai lutar para defender a economia nacional, o investimento público e a queda dos juros da taxa Selic. O Partido Comunista, segundo Renato, deve conclamar todas as principais instâncias políticas do Governo a superar a escassez de crédito, impedir a fuga de capitais, combater a especulação contra o Real, onde o Banco Central já queimou dezenas de bilhões de Reais, com resultados pífios. Será necessário algum tipo de controle do câmbio e do fluxo de capitais especulativos. A banca privada tem poderes ilimitados no Brasil e já deveríamos conter os spreads abusivos, as elevadas taxas de juros reais, atualmente no patamar dos 7%, as mais altas do mundo, numa nova realidade econômica e financeira que exige políticas monetária e fiscal de caráter expansivo. A outra vertente fundamental da política do PCdoB é a defesa da renda do trabalho, do emprego e dos direitos dos trabalhadores. O movimento sindical, ponderou Renato, com a Marcha das Centrais, que mobilizou mais de 35 mil pessoas, deu um sinal dos trabalhadores ao Executivo e ao Legislativo, em Brasília, na semana passada. Este movimento unificou as 6 centrais dos trabalhadores, que levantaram as bandeiras da valorização do Trabalho, da manutenção dos aumentos do salário mínimo, numa plataforma comum que fato importante para o movimento social.

Por fim, os dirigentes comunistas ressaltaram os resultados positivos de sua atividade em 2008. O resultado eleitoral foi importante, resumiu Renato Rabelo, pois o PCdoB saiu-se muito bem nas eleições e conseguiu ter uma participação maior, ampliando sua influência. No movimento social, os comunistas conquistaram vitórias importantes, como foi o caso da construção junto com outras forças políticas e sindicais da fundação da CTB. No plano estritamente partidário o PCdoB consolidou a sede própria, conseguiu apoiar financeiramente as campanhas eleitorais nos Estados e já definiu seu projeto eleitoral para 2010, que em resumo é eleger uma grande bancada de deputados e deputadas federais para 2010.

De São Paulo,
Pedro de Oliveira

Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=47903

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dantas e a Vidente




Esta charge ajuda a pensar a anterior.


É tão descarado que até nossos vereadores querem votação secreta.


Reflexo das instâncias maiores sobre as menores

Movimentos apresentam propostas para o Brasil diante da crise mundial

Em reunião com representantes do governo federal, 57 movimentos sociais criticam política econômica e defendem trabalhadores

Em reunião com representantes do governo federal, 57 movimentos sociais criticam política econômica e defendem trabalhadores
04/12/2008
Dafne Melo

da Redação

Mudar a política econômica, ampliar emprego, renda e direitos sociais, fortalecer as alianças latino-americanas. Essas são as linhas gerais das propostas que um conjunto de 57 movimentos sociais brasileiros levaram ao governo federal em reunião com os ministros Guido Mantega (Economia), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Dilma Roussef (Casa-Civil), dia 26 de novembro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esperado pelos movimentos, não compareceu. Justificou sua ausência com a necessidade de ir a Santa Catarina, por conta dos desastres causados pelas chuvas.

Foi a primeira vez, desde o início da crise financeira mundial, que o governo sentou para conversar com os movimentos sociais. Primeiro, falaram Mantega e Dulci, seguido de alguns dos dirigentes. A carta de reivindicações foi lida em voz alta, e outros fizeram duras críticas à política econômica. Por último, pronunciou-se Dilma Roussef, que defendeu a postura econômica de seu governo.

Na avaliação de Milton Viário, secretário nacional da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), a reunião, ainda que importante, não correspondeu às expectativas. “Queríamos debater e dialogar de forma transparente. A reunião caminhou muito para uma prestação de contas dos 6 anos de governo. Não houve o debate anunciado”, lamenta.

Avaliações

Para Marina dos Santos, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o não comparecimento de Lula também acabou prejudicando a reunião. “Queríamos discutir com o responsável pelas políticas do governo as mudanças necessárias e o destino do nosso país. Queremos fazer um debate sério e profundo sobre o Brasil com o presidente. Compreendemos a situação de catástrofe em SC, e nos solidarizamos, mas queremos ser chamados para debater o projeto de nação com o presidente, e não somente nos momentos de crise – como foi feito até agora”, protesta.

Lúcia Stumpf, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), salienta a importância de se manter espaços de diálogo entre o governo e os movimentos sociais. “Valorizamos o espaço que tivemos para colocar nossas idéias, e conseguimos deixar claro que o povo organizado tem uma opinião sobre a crise e estamos atentos. Não passarão desapercebidas quaisquer medidas que venham a onerar o povo”, afirma.

Lúcia também avalia que as medidas tomadas por Lula para conter a crise são “insuficientes” e não tocam na grande contradição do governo que é sua política macroeconômica, com a manutenção de altos juros e alto superávit primário. Milton Viário concorda: “São medidas paliativas e de fôlego curto. A longo prazo, não se sustentam”.

Essas medidas, avaliam, estão centradas apenas em setores da elite econômica, sem que nada tenha sido pensado para o conjunto da classe trabalhadora. “As medidas do governo, até agora, se limitam ao apoio aos bancos, às grandes empresas e ao setor exportador, que lucraram com o neoliberalismo e agora, em momento de crise, recorrem ao Estado que tanto discriminavam”, conclui Marina.

Unidade

Um dos pontos positivos da reunião, destacados pelos três dirigentes, é a unidade de diversos movimentos em torno de propostas concretas para mudar a sociedade brasileira (ver box). Lúcia Stumpf enfatiza que, agora, “a unidade de propostas precisa se concretizar numa unidade de luta, em batalhas concretas que somem as forças ali representadas”. Para isso, espaços de debates e organização de lutas entre as entidades e movimentos devem ocorrer nos próximos meses. O objetivo é criar agendas de lutas conjuntas para 2009.

Marina dos Santos conta que esses setores vêm participando de discussões, com a meta de elaborar um programa com propostas de mudanças que criem condições para um projeto de desenvolvimento nacional que resgate o papel do Estado como ator na economia. “E esse processo não vai parar aí, estamos construindo uma agenda de mobilizações em conjunto para 2009. Nossa preocupação é o tamanho da conta que vai sobrar para a classe trabalhadora com essa crise. O governo brasileiro tem que se preocupar com o trabalho e as questões sociais do povo”, finaliza.

Saídas à esquerda

Leia algumas propostas retiradas do documento assinado por 57 entidades e movimentos, dentre eles, Via Campesina Brasil, Assembléia Popular, União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Marcha Mundial de Mulheres, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

- Controlar e reduzir imediatamente as taxas de juros;

- Impor um rigoroso controle da movimentação do capital financeiro especulativo;

- Utilização das riquezas naturais (como o petróleo e minérios) para criar fundos solidários que solucionem os problemas do povo;

- Cancelamento imediato do novo leilão do petróleo, marcado para dia 18 de dezembro;

- Revisar a política de manutenção do superávit primário, uma velha e desgastada orientação do FMI – um dos responsáveis pela crise econômica internacional. Os recursos devem ser revertidos para a sociedade, com investimentos em áreas como a saúde, educação, moradia e reforma agrária;

- Execução de um plano de manutenção e ampliação dos empregos e renda; redução da jornada e punição às empresas que demitem;

- Revogação da Lei Kandir que suspende o imposto sobre as exportações de matérias-primas agrícolas e minerais;

- Fortalecimento da estratégia de integração regional, que se materializa a partir dos mecanismos como o Mercosul, Unasul e Alba;

- Substituição do dólar nas transações comerciais por moedas locais, como recentemente fizeram Brasil e Argentina;

- Consolidação o mais rápido possível do Banco do Sul, como agente promotor do desenvolvimento regional, auxiliando no crescimento do mercado interno entre os países da América Latina e como um mecanismo de controle de reservas, para impedir a especulação financeira;

- Retirada imediata de todas as forças estrangeiras do Haiti. Nenhum país da América Latina deve ter bases e presença militar estrangeira. Propõe-se, no lugar, a constituição de um fundo internacional solidário para reconstrução econômica e social do Haiti.


Fonte: http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/movimentos-apresentam-propostas-para-o-brasil-diante-da-crise-mundial

A propaganda ideológica de todos os dias

Telenovelas da Rede Globo incorporam em suas tramas discursos contra temas pautados pelo esforço progressista de segmentos populares da sociedade

Telenovelas da Rede Globo incorporam em suas tramas discursos contra temas pautados pelo esforço progressista de segmentos populares da sociedade

08/12/2008


Rafael Villas Boas


A produção televisiva de ficção no Brasil, sobretudo do mercado de telenovelas da rede Globo, tem incorporado com freqüência em seus produtos a contra-propaganda de bandeiras dos movimentos sociais da esquerda brasileira, haja vista o caso da crítica à política de cotas para negros nas instituições de ensino superior, em “Duas caras”, e a defesa aberta das empresas de celulose em “A Favorita”, ambas telenovelas do assim chamado “horário nobre”, espaço de maior índice de audiência, em que o preço do anúncio dos comerciais atinge a taxa mais alta.


Seria errôneo chamar esse procedimento de merchandising, porque não se trata simplesmente do anúncio de um produto em meio a trama da narrativa ficcional. Sequer cabe o termo merchandising social, que propõe a publicização de práticas civilizatórias, e o combate ao preconceito e à discriminação em algumas situações específicas, como aos portadores de necessidades especiais, inserindo na trama personagens que tenham algum tipo de necessidade, como a Síndrome de Down.


O que está em jogo é a prática de propaganda ideológica inserida na trama das telenovelas, com o objetivo de difundir uma opinião sobre temas da agenda política que foram pautados pelo esforço progressista de segmentos populares da sociedade, à revelia dos interesses reacionários dos quais as grandes emissoras são porta-vozes.


A conta-gotas

A tática tem lá sua eficiência, pois diferentemente do caráter formal dos telejornais, em que a forma notícia supostamente retrata questões da realidade, com a pretensa finalidade de informar a população, no caso da ficção a propaganda ideológica é diluída na trama narrativa, pegando os telespectadores no momento em que se encontram desarmados dos filtros críticos que possam ter ao assistirem aos telejornais.


No limite, o hábito cultural de consumir telenovelas, com a disciplina de horas diárias dedicadas ao gesto da entrega ao entretenimento, é também o momento de introjeção inconsciente do ponto de vista da classe dominante sobre assuntos estratégicos para manutenção de seu projeto de poder.


No último capítulo de “Duas Caras”, uma família multirracial posa feliz para a fotografia que pretende retratar a efetivação do modelo ideal de integração racial no Brasil: a retomada anacrônica do mito da democracia racial. Para uma telenovela que concentrou pesada artilharia na legitimidade da política de cotas para negros, e na legitimação da privatização do ensino superior brasileiro, com direito até a personagem negro que escondia sua condição de riqueza para, supostamente, numa manobra populista, falar em nome dos negros pobres, a fotografia parecia expressar com certo sarcasmo, o júbilo com a batalha vencida no campo da ficção.


Entretanto, o poder da emissora, para além das fronteiras da ficção, não corresponde à suas expectativas. Pelo contrário, na vida real, a despeito das manipulações dos telejornais e telenovelas, assistimos dia a dia ao aumento de universidades que encampam as ações afirmativas de cotas para negros, indígenas e egressos de escolas públicas, e ao fortalecimento das instituições públicas de ensino superior – o que certamente incomoda aos empresários que lidam com a educação como uma mercadoria a ser consumida, entre outras, e representam fatia nada irrelevante dos anunciantes das emissoras.


A favor de quem?

“A Favorita” não representa novidade no procedimento de incorporação temática nas telenovelas de questões polêmicas candentes na “sociedade brasileira”. Para ficarmos com exemplos de nosso interesse, em “O Rei do Gado” (1996), a luta pela reforma agrária foi o mote do inverossímil enredo dramático que teve na trama um romance entre uma sem-terra e um latifundiário. E em “Duas caras”, a crescente organização dos movimentos de trabalhadores sem-teto e de desempregados foi representada como uma luta manobrada por oportunistas e autoritários líderes comunitários.


Em “A Favorita”, uma empresa de celulose é o centro aglutinador dos diversos núcleos de personagens da telenovela, distribuídos entre a família proprietária e seus agregados, e os diversos focos de núcleos dos trabalhadores, habitantes da pequena cidade que tem como seu principal motor econômico a indústria. Um dos focos de conflito da trama é a resistência que um personagem oferece para vender suas terras para a empresa, que já comprara todas as terras ao redor de sua propriedade, pois pretende estender o monocultivo de eucalipto, visando ao fornecimento de madeira para a produção de papel.


A disparidade do conflito real entre transnacionais de celulose e os povos indígenas, quilombolas e camponeses que antes habitavam as terras que foram transformadas em área de plantio de eucalipto e a figuração do conflito na ficção chama a atenção: o personagem antagonista é um cantor e compositor famoso em décadas passadas, de estilo hippie, que acredita que seu grande amor, a mãe de seu filho, foi abduzida por extraterrestres. É um dos personagens mais estereotipados da trama, que “vive no mundo da lua”. A resistência que ele oferece à expansão das terras da indústria parece ser mais um devaneio entre outros, um capricho de artista rico, ou extremismo ecológico. Suas ações cômicas e seus argumentos pitorescos são refutados na trama com argumentos aparentemente incontestáveis, que atestam a excelência das práticas de desenvolvimento sustentável da empresa, até a importância social da mesma para a cidade. Esses argumentos são proferidos não apenas pelos personagens que detêm o capital da empresa, mas também por aqueles bons trabalhadores do núcleo pobre, que se orgulham por trabalhar numa empresa que está entre as maiores do mundo nesse ramo.


Ao que tudo indica, a Rede Globo aprendeu com um tiro no pé que dera com a novela “O Rei do Gado”. Por mais dramática e manipulada que fosse aquela trama, ela cumpriu o papel de divulgar amplamente a luta pela reforma agrária e os movimentos sociais que levantam essa bandeira, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em “A Favorita”, nenhum sujeito político coletivo, nenhum movimento social que se contrapõe com freqüência, e de diversas formas, à prática predatória das empresas de celulose apareceu. Pelo que sugere a trama, ser contra o progresso garantido pelo avanço da empresa seria, no mínimo, um ato romântico e idealista, ou “coisa de louco”. A tática de combate por meio da ficção implica a supressão do ponto de vista das classes populares, por meio de seus movimentos organizados.

Como a mercadoria telenovela chega a todas as casas que têm um aparelho televisor, para a militância dos movimentos sociais, saber apontar as contradições e manipulações presentes nesse formato ficcional pode ser bastante útil nos trabalhos de articulação com a sociedade e no trabalho de base para massificação dos movimentos, pois, como a referência do assunto é comum, é possível entrar na discussão pela desconstrução do ponto de vista dominante, ao mesmo tempo em que informamos e debatemos os passos estratégicos para a construção do projeto popular para o país.


Rafael Villas Boas é militante do MST.


Fonte :http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/a-propaganda-ideologica-de-todos-os-dias

Guimarães: O cenário das eleição de 2010

Por Redação Fórum [Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2008 às 11:02hs]

Ninguém está entendendo a pressão política que será feita sobre o povo do Brasil pela mídia em 2010 para eleger José Serra presidente da República. Não estamos falando de pressõezinhas como essa para convencer o país de que ele afundará num buraco econômico daqui a algumas semanas, não senhor. Prevejo que sobre nós se abaterá a mãe - e a avó, a bisavó e a tataravó - de todas as campanhas midiáticas de tentativa de indução da vontade popular, e isso ocorrerá em menos de dois anos.

Como vocês já perceberam, estamos falando da eleição do próximo presidente da República, assunto que hoje dominará a discussão política devido à pesquisa Datafolha publicada nesta data pelo principal jornal do império de comunicações da família Frias. O jornal afirma que "Serra amplia vantagem para 2010".

Imagino que essa pesquisa foi feita a fim de sustentar o ânimo da militância de oposição depois da paulada que foi a divulgação do crescimento da aprovação de Lula e para despertar a cobiça do PMDB, porque, num momento em que o governo do país está exatamente no meio de seu mandato, perguntar ao eleitor em quem ele votará daqui a quase dois anos não me parece lá muito científico, ainda que sirva para levantar o debate político sobre o assunto, já que a pesquisa do mesmo instituto que versou sobre a popularidade de Lula também induziu à crença diametralmente oposta da militância governista, à crença em que o presidente caminha para ser o grande eleitor de 2010.

É óbvio que um lado adorou a pesquisa sobre a popularidade de Lula e o outro a pesquisa sobre as incertas chances de Serra daqui a dois anos. A pesquisa sobre Lula, porém, não deveria ser comparada com a pesquisa sobre Serra, pois a primeira diz respeito a fato concreto e presente (a popularidade do petista na condição de governante), enquanto que a segunda versa sobre um quadro eleitoral ainda altamente intangível, mesmo sendo prática antiga da mídia fazer esse tipo de sondagens sobre o futuro distante, pois tais sondagens acabam servindo, sim, para orientar a navegação política.

A íntegra está no blogue Cidadania.Com

Redação Fórum

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/BlogueirosIntegra.asp?id_artigo=5611

Em tempos de crise ...


Tem que se adaptar ao novo meio

Para descontrair

Vai ter clássico no Rio de Janeiro em 2009 Duque de Caxias X Vasco da Gama

E a nossa Justiça - Fechada na sua caixa de pandora


E o que pensar do Judiciário?

Será que ele já faz parte do esquema de Dantas ?

Ao que tudo indica a corrupção é muito maior no campo do judiciário do que no político?

E vocês o que pensam ?

Temos que lembrar que este desfecho, tem início quando do processo de instalação do neoliberalismo no Brasil no final da década de 80 e que a mais de 20 anos se beneficiam e foram os grandes responsáveis pelo aumento da corrupção, basta lembrar as privatizações brasileira. E vamos assistir na avenida ou na Tv ?

Como entender a crise

http://www.youtube.com/watch?v=Qm3pk_heEi0

Câmara Municipal versus Estado Democrático

Vejam o absurdo que a matéria abaixo trata “Vereadores aprovam votação secreta na Câmara; novo sistema vigora já na eleição da presidência”(Rede Sul de Notícias de 3 de dezembro de 2008), só na nossa terrinha para acontecer uns absurdos destes, enquanto a maioria das Câmaras de Vereadores do país aprovam votação aberta a nossa toda ‘poderosa câmara de vereadores aprovam o contrário , vão na contramão da história, alterando o Regimento Interno da Casa.

Nós do Partido Comunista do Brasil somos totalmente contra tal aprovação, por entender que isso fere a transparência e a lisura do processo democrático, colocando interesses de pequenos grupos sobrepostos ao da população.

O que é mais absurdo são as declarações do Presidente da Câmara de Guarapuava Admir Strechar “Foi um pedido dos vereadores para evitar que sejam retaliados em determinadas votações, impondo a eles a infidelidade partidária. Agora o vereador vai poder votar da maneira que ele quiser sem nenhum tipo de coação”.

Refletindo sobre estas declarações podemos evidenciar que a composição de nossa câmara não passa de uma “quadrilha” de políticos profissionais sem escrúpulos e fidelidade partidária. Pois ao negarem a “imposições” dos partidos estão negando a democracia, negam as discussões partidárias onde são travadas as discussões a linha politica a ser seguida, ou seja os partidos devem existir organicamente para que seus filiados discutam e decidam democraticamente suas plataformas políticas, temos que seguir o que a maioria escolheu, eles negam isto. Outro ponto demonstram a falta de conhecimento teórico da política, do Estado Democrático.

Podemos também considerar a falta de caráter na linha política que seguem, ora, como serão retaliados se tem conhecimento de causa, se participam do cotidiano da população pra lhe representar no legislativo ou seja, quando vota favorável o ou contra determinados projetos deve ter que levar em consideração o benefício ao coletivo que vai trazer e não as benesses do voto fechado vai lhes dar.

Coagida vai ficar a população que nem sabe ao certo o que esta mudança vai significar, o da continuidade de pouca discussão política e do debate em torno das questões da vida pública. Coagidos ficaremos nós sem saber qual é o posicionamento dos ditos representantes do povo.

Lisandro Cesar Vieira

Professor de História

Vice-Presidente do PcdoB- Guarapuava- Pr

Matéria Rede Sul

Vereadores aprovam votação secreta na Câmara; novo sistema vigora já na eleição da presidência

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Guarapuava - A partir de dezembro de 2008 os vereadores não mais poderão anunciar o seu voto.

Dez dos 12 vereadores aprovaram o projeto de resolução proposto pela Mesa Executiva alterando o Regimento Interno e que estabelece o voto secreto em todas as matérias deliberadas pela Câmara.

O novo sistema será inaugurado na sessão que vai eleger a nova Mesa Executiva da Câmara.

A alteração, segundo o presidente Admir Strechar foi feito a pedido dos próprios vereadores.

“Foi um pedido dos vereadores para evitar que sejam retaliados em determinadas votações, impondo a eles a infidelidade partidária. Agora o vereador vai poder votar da maneira que ele quiser sem nenhum tipo de coação”,justificou.

Segundo legislação, quem não votar conforme determinação partidária poderá ser penalizado por infidelidade partidária.

Strechar disse também que para agilizar o processo de votação já está previsto para o próximo ano, a instalação de um painel eletrônico no plenário da Câmara. Enquanto isso não acontece as votações serão manuais,utilizando-se cabine e urna.

Os vereadores Maria José Mandu Ribas e Hamilton Carlos de Lima votaram contrao projeto de resolução.

Quem pagará a conta ?

Hoje muitas empresas multinacionais que se utilizam da crise para fazer ajustes no seu quadro de funcionários, sem que ao menos os movimentos sociais possam fazer alguma coisa , pois com todo esse bombardeamento diário da imprensa e de seus impactos na população comum, acabam por sensibilizar toda a população de que com medo de perder seus empregos, terem que aceitar acordos que renegam todo o processo de conquista de lutas históricas travadas pelos trabalhadores ao longo do tempo.

O dinheiro público não deve ser utilizado para cobrir perdas de especuladores, de grupos que sabiam muito bem o como operava todo sistema financeiro de aplicações de alto risco, ou seja em momentos de altos ganhos, os lucros não eram divididos com o cidadão e por que agora temos que pagar a conta ?

Nos Estados Unidos as montadoras pediram 27 bilhoes de doláres, mas 60 % do contribuinte segundo uma pesquisa é contra o Governo liberar essa quantia.

Será que é o contribuinte que tem que pagar a conta pelos pátios das montadoras estarem abarrotados ? Pelo consumismo desenfreado que a grande mídia ajudou a construir. E quem realmente esta ganhando com esta crise ?

Saudações leitores

Olá pessoal

Estarei a partir de agora efetivando meu Blog, onde poderei colocar alguns pontos de vistas relacionados ao mais variados temas, mas principalmente dedicado a política e a História, espero que os leitores gostem, peço que elogiem e critiquem e que também possamos debater.

Abraço a todos e a todas

domingo, 7 de dezembro de 2008

Fantasma da crise


Fonte: http://www.vermelho.org.br/pcdob/classe/09/p3-mat1.asp

Fantasma da crise

Montadora recebe dinheiro, mas não usa
De olho em aumentar seus lucros, GM retém empréstimo feito pelo governo

METALÚRGICOS da GM estão preocupados com 2009

No sistema capitalista, o preço das crises sempre cai sobre os ombros dos trabalhadores. Na atual, as coisas são semelhantes. Epicentro da atual onda de temor econômico, os Estados Unidos ja assistiram executivos de grandes empresas abocanharem milhões de dólares antes de a crise estourar. No caso do banco de investimentos Lehman Brothers, um dos símbolos da irresponsabilidade financeira, 20 mil funcionários foram demitidos em todo o mundo. Enquanto isso, um de seus executivos embolsou mais de US$ 100 milhões.

Os patrões querem cortar empregos e salários, denuncia um metalúrgico
A chantagem dos patrões “Quem fez a crise não foi o povo, mas quem paga somos nós”, diz Marcelo Toledo, primeiro-secretário do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Caetano do Sul, em São Paulo. Ele conta que na General Motors brasileira – que tem fábricas na cidade do ABC, em São José dos Campos e em Gravataí (RS) – os efeitos já são sentidos pelos funcionários, não porque, em sua opinião, já tenha havido uma diminuição brusca no consumo, mas porque as montadoras têm tentado se aproveitar do momento para chantagear o governo e os trabalhadores, e aumentar seus lucros.

Ademir Justino Cassemiro, conhecido como “Cabeça”, está a dois anos na GM. Ele questiona o uso do dinheiro vindo dos governos federal e de São Paulo (R$ 8 bilhões ao todo) para financiar as vendas de carros. “A GM não está financiando nada. Está retendo esse dinheiro e ainda reduziu o prazo de financiamento para 36 meses. Eles querem aumentar seu lucro”. Paulo César, o “Pão Doce”, também funcionário da GM, concorda. “A quem interessa importar essa crise para cá? Ao patronato. Ele a usa como desculpa para diminuir salários e direitos trabalhistas”. “Eles querem cortar empregos dos operários, mas não pensam em fazer o mesmo na área administrativa. Mesmo nesse período de instabilidade, para eles, a coisa ainda não está tão ruim assim”, assegura José Divino, ou “Barba”, há 23 anos na GM.

1,2 bilhão para as matrizes
Divino tem razão. Estima-se que as montadoras no Brasil devem aumentar suas vendas em 24% neste ano. Em 2007, este índice também foi recorde, então de 27,8%. Esses números explicam também o fato de esse ramo ter sido responsável por mais da metade dos lucros remetidos para fora do Brasil, ou seja, para as matrizes que ficam em outros países. De acordo com o Banco Central, foram mais de US$ 1,2 bilhão em 2007.

Para Marcelo Toledo, é preciso que os governos exijam contrapartidas para empréstimos tão altos. Entre elas a garantia de manutenção dos empregos dos operários. E questiona: “as montadoras têm batido recordes sucessivos de vendas e a GM do Brasil é uma empresa saneada, ou seja, não há motivos para querer prejudicar os trabalhadores argumentando ser a crise a culpada”.



Trabalhadores temem futuro
A GM brasileira ainda não sofreu o baque da crise da matriz, que está à beira do precipício. No dia 20 de novembro, a empresa americana teve seu valor de mercado avaliado em apenas 1 bilhão de dólares – menos do que valia em 1938, quando o mundo ainda passava pela Grande Depressão iniciada em 1929. Os funcionários brasileiros temem pelo que pode acontecer aqui se for decretada a falência lá.

Só neste ano, a filial de São Caetano já teve uma semana de paralisação remunerada, dez dias de férias coletivas e seis day off (dia paralisado). Nestes dois últimos casos, os trabalhadores não recebem nada e ainda têm os dias descontados de suas férias e do banco de horas.

Terceiro turno em risco
Marcelo Toledo, primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, lembra que para cada empregado direto da GM existem outros quatro na cadeia produtiva. Por isso, empresas como Scorpions, Oversound, Salmazo e A. Pedro também entraram na dança das férias coletivas. Na última ja houve redução de 50% no quadro de seus 300 funcionários. “E a Barili está querendo pagar o 13º em quatro vezes e para aqueles que não aceitam, a empresa ameaça com demissão”, denuncia Marcos Parra, diretor do Sindicato.

Segundo Toledo, os trabalhadores do terceiro turno (da meia noite às 6 da manhã) estão em situação mais instável. Isso porque em 2008, depois de negociação com o Sindicato, foram criados 1.600 postos neste horário para que a GM cumprisse sua meta de produzir 460 mil carros até o final do ano. Porém, como os contratos são anuais, o fantasma da crise ronda estes trabalhadores, que temem ficar sem seus empregos a partir de janeiro.

Baboseiras: a 'Folha' tenta explicar a popularidade de Lula

7 DE DEZEMBRO DE 2008 - 15h35

Baboseiras: a 'Folha' tenta explicar a popularidade de Lula


A Folha (de S.Paulo) consultou “intelectuais” para saber porque Lula é tão popular. As baboseiras e banalidades são monumentais.

Por Luis Favre, em seu blog



O artigo começa com uma: “Ao estimular a população a consumir, mesmo em meio às perspectivas sombrias da economia mundial, o presidente Lula age como fiador, acalmando artificialmente uma população que ainda não começou a sentir os efeitos da crise global.”

Muitos economistas sabem que pela natureza da crise do crédito é necessário injetar dinheiro e aumentar o consumo para diminuir os efeitos da crise. Paradoxalmente é o contrário que as pessoas pensam, agravando assim as conseqüências da recessão. Ou seja, Lula está certo em aconselhar as pessoas a consumir e o artigo está errado quando vê nisto um incentivo “artificial”, que iria na contramão do que seria enfrentar a crise.

Goldberg, psicanalista, diz que a população e o próprio Lula procedem a negar a realidade. O psicanalista projeta sua própria negação mais do que ele pensa quando tenta negar a realidade: “O governo vinha afiançando insistentemente uma posição privilegiada do Brasil que não era real”, diz ele.

A economia brasileira, segundo a maioria dos especialistas da OCDE, do FMI e do mercado, está muito melhor preparada e em melhor situação que a da maioria dos países, especialmente dos mais ricos. Esta “posição privilegiada do Brasil” é bem real e só a oposição e sua mídia afim no Brasil negam este fato reconhecido pelo mundo inteiro.

Os “intelectuais” da Folha não querem enxergar esta realidade e procuram permanentemente negar o êxito do governo Lula em lidar com as questões essenciais, ou seja, emprego, renda, diminuição da desigualdade, crescimento econômico etc. Sempre são surpreendidos pelo fato que as pesquisas contrariam suas posturas.

Boris Fausto é o mais objetivo. Ele torce para o Brasil entrar em crise e a população começar a sofrer. Ele pensa que assim o Lula “sifu” e deve torcer para que aqueles que governaram o Brasil antes de Lula retornem como “salvadores”. Aqueles que após ganhar em 1998 negando qualquer modificação na paridade da moeda, desvalorizaram o Real imediatamente depois, não sem antes o Brasil pagar pesadamente o preço do estelionato eleitoral.

Espetáculo afligente dos “intelectuais” e da própria Folha, que só encontra intelectuais na oposição. Os outros devem ser massa sem discernimento, por isso não são chamados a opinar como intelectuais. “Os especialistas são unânimes em afirmar que o presidente Lula deveria adotar um tom ‘mais sóbrio’, aconselhando a população a se preparar para os possíveis reflexos da crise global”, diz a Folha de S.Paulo.

Bela unanimidade que só a Folha consegue: basta consultar os que com ela coincidem para condenar o presidente. Um presidente que a esmagadora maioria da população do Brasil aprova porque percebe que sabe lidar com as dificuldades defendendo sempre os interesses do país, do emprego e do dinamismo econômico.