quinta-feira, 5 de março de 2009

O pensamento Retrógrado ainda persiste

Nesta primeira semana de março uma noticia se tornou bastante polêmica na mídia nacional, o caso da menina de 9 anos que foi estuprada pelo padrasto e acabou engravidando. A equipe médica que atendeu a menina realizou o aborto, fundamentados na lei que permite somente dois tipos de situações para que se possa realizar legalmente o aborto, se for estupro ou se tiver risco de vida. Segundo a equipe médica ela se enquadrava nas duas situações e por isso realizaram o aborto. Segundo a direção do hospital, " se a gravidez continuasse, o dano seria pior, podendo levar a uma gravidez de alto risco. O risco existiria até de morte ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar”, explicou o médico Olímpio Moraes.
Como o tema aborto ainda é muito polêmico, pois em nossa sociedade a igreja católica tem grande influência, logo aparece o Arcebispo de Olinda e Pernambuco, declarando que estava excomungando os parentes e a equipe médica envolvida no caso, menos a menina que pela pouca idade não podia responder por si.
Dom José Cardoso Sobrinho afirmou que, aos olhos da Igreja, o aborto foi um crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.
O problema é que a “lei de Deus” também foi escrita por homens, e diga se passagem há muito tempo.
Devemos lembrar que os textos que compõem a Bíblia foram escolhidos no Concílio de Nicécia em 325 D.C., o primeiro concílio realizado.
Este concílio foi realizado com as bênçãos do Imperador Constatino.
Segundo o escritor Roberto Junior, “O Imperador Constantino, estadista sagaz que era, inverteu a política vigente, passando, da perseguição aos cristãos, à promoção do Cristianismo, vislumbrando a oportunidade de relançar, através da Igreja, a unidade religiosa do seu Império. Contudo, durante todo o seu regime, não abriu mão de sua condição de sumo-sacerdote do culto pagão ao "Sol Invictus". Tinha um conhecimento rudimentar da doutrina cristã e suas intervenções em matéria religiosa visavam, a princípio, fortalecer a monarquia do seu governo.”
Ou dos pontos principais deste Concílio tratou dos textos que deveriam compor a Bíblia Sagrada. Os textos que foram escolhidos remetem somente a Jesus Cristo Divino , aqueles textos que retratavam o Jesus Cristo humano de carne e osso foram rejeitados. Diga se passagem esta escolha foi feita por uma minoria, pois aqueles que demonstrasse alguma oposição eram expulsos do Concílio como aconteceu com vários Bispos Egípcios que se opuseram as orientações de Constantino.
Para Roberto Junior “Os teólogos justificaram essa doutrina estranha da divinização de Jesus, colocando no Credo a seguinte expressão sobre Jesus Cristo : “Gerado, não criado”. Mas, se foi gerado, Cristo não existia antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele não é Deus, pois Deus é eterno ! Espelhando bem os novos tempos, o Credo de Nicéia não fez qualquer referência aos ensinamentos de Jesus. Faltou nele um "Creio em seus ensinamentos", talvez porque já não interessassem tanto a uma religião agora sócia do poder Imperial Romano.”
Como comprovamos, as leis de Deus também foram escritas pelos homens e com muitos interesses não discutidos nos dias de hoje, enfim as leis homens como as de Deus foram escritas por seres humanos, diferente da afirmação do Bispo conservador inquisidor Dom José Cardoso Sobrinho.
Lembramos a este bispo que estamos no ano de 2009, e por mais influência que ainda a igreja possua, ela precisa rever certos dogmas extremamente retrógrados que negam a realidade atual, lembramos também que a sociedade não tolera abusos sexuais, inclusive aqueles que foram e possivelmente a ainda são cometidos por padres pelo mundo afora. .


Lisandro Cesar Vieira
Professor de História
Vice-Presidente do PCdoB de Guarapuava.

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